Caliman, Max Blum, Laima Leyton e Iggor Cavalera ouvem as perguntas da plateia, que lotou a Escola de Design Unisinos
Não precisa ser muito expert em moda para saber que o rock é uma das principais tendências da temporada. Tachas, cravos, preto, tudo isso tem dominado os lançamentos nacionais e internacionais, e faz referência à rebeldia do movimento que começou na metade do século passado.
Para debater essa relação, na noite de quarta-feira, dia 24, os músicos Iggor Cavalera, Laima Leyton, o produtor musical de desfiles Max Blum e a estilista da King 55, Carol Caliman, estiveram reunidos na Escola de Design Unisinos, em Porto Alegre (RS), mediados por Paula Visoná.
“O rock perdeu a identidade. Falta transgressão, o rock ficou bobo”, foi a opinião de Iggor ao ser perguntado sobre as características do movimento na atualidade. Carol Caliman concordou, explicando que, se antes havia um posicionamento contra o sistema, hoje é para o sistema: “É tudo para se encaixar na moda”.
Max Blum acredita que a internet é uma das grandes responsáveis por isso. “Por causa da web, não há barreiras. Antes, os movimentos eram divididos: anos 1970, anos 1980... Agora todo mundo tenta unificar, é tudo misturado. Tanto no rock, quanto na moda”.
Renovação de tendências já é algo estabelecido. A cada temporada, novas ideias surgem e, consequentemente, novas coleções. Mas então, como ficaria a relação entre rock e moda? Para Carol Caliman, a grande questão disso tudo é evoluir sem perder a identidade.
Max Blum explica que na moda, além da identidade, tem de se levar em conta o que está acontecendo ao redor. “Quando faço o desfile da Colcci, sei que eles querem uma música mais comum, bem comercial. Para o Alexandre Herchcovitch, a trilha tem que ser diferente. Dentro desses extremos, há variedade. Tudo pode acontecer”, explica.
Por causa da velocidade com que as mudanças ocorrem, o produtor salienta que não há mais espaços para os fenômenos, como uma grande Maison ou os Beatles: “É pretensioso achar que vai se criar algo novo daquilo que gosta. Já fizeram de tudo”.
Para quem trabalha na área, Laima acredita que é preciso fazer escolhas, mas que isso depende apenas do profissional. “No meio do caos, é preciso encontrar um filtro”, explica.
Sapato de tiozinho
Ao ser questionado se incomodava o fato de o rock estar ligado à moda e ser tão popular atualmente, Iggor Cavalera foi enfático: “Isso me faz pesquisar e querer coisas novas. Hoje é mais transgressor eu usar um sapato de tiozinho do que um All Star com caveira. E isso não é algo que tenha que se lutar contra. É legal procurar coisas novas”.
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